A inteligência artificial (IA) deixou de ser uma promessa futura para se tornar parte integrante do dia a dia das empresas. Seja em sistemas de análise de dados, em ferramentas de automação ou em soluções preditivas, a IA transforma processos e amplia resultados. Contudo, junto às oportunidades surgem obrigações legais e éticas: o Regulamento Europeu da IA estabelece a “literacia em IA” como requisito, evidenciando a necessidade de preparar pessoas para compreenderem riscos, limitações e potenciais danos dessa tecnologia. O Brasil, por sua vez, já conta com a LGPD, que reforça princípios de prevenção e segurança aplicáveis também ao uso de IA.
Incorporar sistemas de inteligência artificial sem precauções pode gerar riscos sérios. A ausência de políticas claras ou de supervisão sobre as ferramentas adotadas pode levar a decisões enviesadas, violações de privacidade e incidentes de segurança. O princípio do privacy by design exige que a proteção de dados seja pensada desde a concepção dos sistemas, e não como etapa posterior. Isso significa que, ao adquirir ou desenvolver soluções de IA, as organizações precisam analisar como os dados serão tratados, armazenados e descartados, garantindo controles desde o início.
Outro ponto crucial é a capacitação das pessoas envolvidas. A literacia em IA, conforme descrita no regulamento europeu, vai além de saber “usar” uma ferramenta. Trata-se de compreender direitos e obrigações, reconhecer oportunidades e riscos, e estar preparado para intervir de forma crítica. Empresas que não investem na preparação de seus colaboradores se expõem a falhas operacionais, decisões equivocadas e até a responsabilidade civil por danos a terceiros.
Além disso, o uso de IA sem supervisão adequada pode abrir espaço para problemas de governança. Ferramentas mal configuradas, algoritmos treinados em bases enviesadas ou integrações mal implementadas são exemplos de falhas que podem comprometer não apenas a conformidade com a LGPD, mas também a reputação e a sustentabilidade do negócio. A supervisão contínua, com relatórios, métricas e mecanismos de auditoria, torna-se tão importante quanto a implementação inicial.
O gestor moderno precisa compreender que os riscos de não estar preparado para a IA não se limitam a multas ou sanções. Eles envolvem também a perda de competitividade, a quebra de confiança dos clientes e a exposição a litígios. Ao mesmo tempo, a preparação e a adoção responsável podem gerar diferenciais competitivos: maior eficiência, inovação segura e alinhamento às melhores práticas de mercado.
Cabe, portanto, uma reflexão direta: como sua empresa está utilizando inteligência artificial hoje? Existem políticas, procedimentos e treinamentos estabelecidos? Há supervisão dos usos e registros de conformidade que garantam segurança e transparência? Se a resposta for “não sei” ou “ainda não”, é hora de agir. A HDPO pode ser sua parceira nesse processo de transformação, apoiando na definição de políticas, capacitação das equipes e implementação de práticas alinhadas à LGPD e ao conceito de literacia em IA, para que sua empresa aproveite as oportunidades da tecnologia sem se expor a riscos desnecessários.
Autor: João Gonçalves Advogado em Direito Digital, e Gestor em Saúde com mais de 25 anos de experiência em saúde, compliance e proteção de dados. CEO da HDPO LGPD em Saúde e Diretor da PROTEGON, lidera projetos estratégicos de governança, segurança da informação e adequação à LGPD em hospitais, operadoras de planos de saúde e empresas de tecnologia. Com forte atuação na implementação de programas de privacidade, João também ministra treinamentos e palestras sobre cibersegurança, inteligência artificial e privacidade de dados, sendo referência na área.
